terça-feira, 11 de abril de 2006

Bom, resolvi exercitar um pouco minha escrita sobre cinema e vou tentar fazer isso com mais frequência. Vamos ver no que vai dar. Fica aí o convite pra quem quiser fazer o mesmo.

A primeira vítima dessa nova leva de impropérios pseudo-críticos é
V De Vingança, dum tal de James McTeigue, que outrora foi assistente de direção em Matrix e na nova trilogia de Star Wars. Ou só no Episódio 1, sei lá. O roteiro é dos famigerados irmãos Wachowski, que mais uma vez vêm com o discurso de derrubar o sistema vigente. Na verdade essa premissa já é a da mini-série em quadrinhos original, do genial Alan Moore, que ainda não consegui ler, mas vou dar um jeito. (Mas talvez não ter lido a HQ tenha me impedido de ficar fazendo comparações babacas)



Então, tem esse cara mascarado, o Hugo Weaving (também conhecido como o Agente Smith), chamado apenas V. Ele crê piamente que a única saída contra um governo autoritário que controla o povo pela TV, censura as artes e mata homossexuais é a violência. O plano é explodir o Parlamento inglês, no dia 5 de novembro (a data e a indumentária do V são referências citadas a Guy Fawkes, inglês lendário com aspirações semelhantes às do personagem do filme). E, como V precisa do povo, nada melhor do que ir até a TV para chamá-lo. Trata-se, então, da "desculpa formal" (no sentido de forma mesmo) do filme: usar o espetáculo do "inimigo" como forma de chamar a galera e dizer "ei, acho bom você fazer alguma coisa, cara".

O filme tem algo que me faz lembrar Laranja Mecânica, mas a distância entre eles é gigantesca. V de Vingança não tem o mesmo tipo de "emergência subversiva" de um filme como Clube da Luta, muito menos o sarcasmo do filme do Kubrick que eu citei. O que os dois têm em comum, na verdade, é um distanciamento gerado pelas imagens bizarras e "plastificadas" - mas enquanto em Laranja Mecânica esse distanciamento funciona pelo sarcasmo, no filme do McTeigue acaba se tornando um problema por que a história, como eu já falei, conclama o público a, pelo menos, não ficar parado.

Puta merda, eu tinha mais coisa pra falar... agora foda-se.


E aproveito esse mesmo post pra falar de outro filme, que vi recentemente: Faster, Pussycat! Kill! Kill!, o clássico underground de Russ Meyer.



"Senhoras e senhores, bem-vindos à violência", é o que diz o narrador na abertura do filme, e junto vemos o desenho das ondas sonoras da voz, a là Noite Americana do tio Truffaut. E é basicamente isso que tu encontra mesmo: os personagens do filme resolvem tudo na base da violência, basicamente, e o filme usa essa violência pra fazer uma crítica ao american way of life. É como se as três dançarinas de go-go club peitudas que saem andando pelo deserto em seus carrões fossem os EUA por baixo da "saia", enquanto os outros personagens são um bando de hipócritas. O resultado do encontro desses dois Estados Unidos só pode gerar, é claro, violência.

Fora isso, temos os diálogos divertidíssimos ("I don't understand your point!" "My point is of no return!") e a óbvia tara do Russ Meyer, gostosas peitudas. E, melhor ainda, gostosas peitudas em carros cool. E, melhor ainda, gostosas peitudas em carros cool brigando e fazendo racha. YEAH, BABY!

Um comentário:

Anônimo disse...

Sobre o tal do Guy Fawkes

Um grupo de ingleses, revoltados com a política antipapista do rei Jaime I decidiram explodir o prédio do parlamento no dia 5 de novembro, data em que o rei iria abrir as atividades da casa. Paralelamente a isso eles fomentariam uma revolta do partido católico no norte do reino e até cogitaram em receber apoio da esquadra espanhola. No trono vacante imaginavam colocar a princesa Isabel, a filha católica de Jaime I. Todavia eles foram denunciados por uma integrante do grupo que se fazia passar por conspirador e denunciou-os. As autoridades prenderam em flagrante o soldado Guy Fawkes, um mercenário que estivera a serviço da Espanha, quando ele acertava a posição de um dos 36 barris de pólvora empilhados no porão do prédio a ser explodido. Longe de virar herói, Guy Fawkes tornou-se a representação simbólica do traidor, capaz de entregar a Grã-Bretanha às potências do catolicismo inimigo: a Espanha e o Papado.
No entanto, a intenção do Moore foi feliz, do meu ponto de vista. A história foi escrita na época em que a Iron Maiden, Tachter, fazia reformas liberais e abria o mercado britânico, enquanto as vozes de oposição eram sistematicamente caladas. Outros fatos colaboraram pra mostrar o governo Tachter como violento, vide Guerra das Malvinas e o covarde torpedeamento do Cruzado argentino General Beltrano.

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